domingo, 1 de janeiro de 2012

As modalidades da missão, segundo São Francisco de Assis

Para Francisco, a missão não consiste só, nem principalmente, em pregar uma doutrina, mas em participar ativamente do movimento permanente do amor que se encarna para libertar os homens.
Nesse movimento, descobrimos três modalidades fundamentais: trinta anos de presença silenciosa, o mistério de Nazaré; três de manifestação pública com sinais e palavras pelos caminhos da Palestina; três dias de consumação do dom de si, até a morte na cruz, em Jerusalém.
Para São Francisco, esses três momentos, inseparáveis na missão do Filho, são também inseparáveis na missão de cada missionário. O anúncio do Evangelho, a missão, é um prolongamento do mistério da encarnação do Filho.
Se toda a vida de Jesus é uma boa notícia, manifestada mais com os fatos do que com a própria pregação, também para São Francisco, a vida do Consagrado deve ser vivida como missão e a partir da missão.

Para nós com um olhar a São Francisco, nosso baluarte o missionário deve reviver a existência missionária de Jesus.

O Reino de Deus não é uma verdade que deve ser demonstrada, mas uma “realidade escondida” que se manifesta através da vida.
Por isso, o testemunho da simples presença Alpha e Ômega, o testemunho da vida, ou seja, a silenciosa proclamação do Reino de Deus é um início e a primeira forma de evangelização.
A missão não consiste tanto em falar do Reino, mas, sobretudo, em viver o Reino e pelo Reino, o que supõe, entre outras coisas, viver como homens de Deus, com o coração voltado para o Senhor.
Coerência de batizados e de vivencia profunda de nossas constituições e estatutos como consagrados.
Não é possível ser missionário, evangelizador, sem encontrar-se pessoalmente com Aquele que é a Boa Nova, o Evangelho do Pai para a humanidade.
Como Paulo, também o missionário, o evangelizador, deve ser uma pessoa íntegra, transformada e motivada pelo Evangelho.
Se evangelizar é, sobretudo, confessar o Evangelho, então, também na missão, a vida tem o primado sobre qualquer outra atividade apostólica, por mais importante e necessária.
Com seu exemplo, São Francisco nos mostra que a vida é a primeira forma de evangelização. Quanto a isso, é significativo que o que o seduz no Evangelho da missão não é, em primeiro lugar, a pregação explícita feita pelos apóstolos, mas seu modo evangélico de viver.
Por isso, após ouvir o Evangelho, não hesita em mudar seu modo de vestir. Francisco precisa viver o que ouviu, fazer experiência daquilo que diz a Palavra de Deus (cf. 1Cel 22).
É a experiência que faz de nós testemunhas e é de testemunhas que o mundo de hoje tem necessidade, particularmente o mundo dos jovens. A própria vida do missionário é palavra viva que anuncia e realiza o Reino.
Em muitos casos, esse testemunho de vida levou ao martírio, seguindo assim o bom Pastor que para salvar suas ovelhas suportou a paixão da cruz.
Nossa história atual, precisa deixar as palavras de Bento XVI serem impressas na alma de todo cristão e consagrado: “livre e conscientemente entregar-se, num supremo ato de caridade, para testemunhar sua fidelidade a Cristo, ao Evangelho (Bento XVI).
Os mártires foram e continuam a ser o sinal mais seguro da vitalidade de nossa vida cristã e de consagração ao Senhor. Eles expressam, melhor do que ninguém, a fidelidade da à missão recebida da Igreja; por isso, se é certo que o testemunho de vida é constitutivo de nossa vocação missionária e evangelizadora, devemos dizer que o anúncio da Palavra também o é: quando virem que agrada ao Senhor anunciem a palavra de Deus.
A carta magna do missionário, que São Francisco ouviu na Porciúncula (cf. Lc 10,1ss), teve nele um impacto tão forte que, além de levá-lo a mudar de vida, levou-o também a transformar-se em pregador itinerante da Palavra, e até a formar com seus companheiros uma Fraternidade apostólica, uma Fraternidade de pregadores do Evangelho pelas estradas do mundo .
Dois elementos deverão caracterizar desde o início a missão itinerante dos nossos consagrados: a fraternidade e a minoridade- a pequenez.
A missão não pode prescindir desses dois elementos, que a distinguem e a qualificam.
A partir do momento em que o Senhor deu irmãos a São Francisco, nosso baluarte a vida em Fraternidade é de por si evangelização.
A forma original de nossa evangelização radica-se no testemunho da Fraternidade. Não se pode pensar uma missão, uma casa missionária fora da Fraternidade.
O missionário parte da Fraternidade para a missão vive a missão em comunhão profunda com a Comunidade-Fraternidade e volta da missão para a Fraternidade.
Por outro lado, pela contemplação do mistério da encarnação, Jesus que se faz “servo”, nós, Alpha e Ômega, somos chamados a estar no mundo como menores entre os menores da terra, submissos a toda humana criatura por amor a Deus.
São Francisco está profundamente convencido da fecundidade da pobreza, da humildade, da minoridade, porque este é o movimento do Filho do homem, que se encarnou para doar-nos a vida.
O coração do homem não se abre ao dom de Deus, fim último da missão, com o prestígio, a força ou o poder dos meios humanos, mas com o poder irresistível do amor oferecido gratuitamente.
São Francisco compreendeu muito bem esta concepção profética da missão, conforme nos é mostrado em sua missão ao Sultão.
Caros Filhos, como vocês cuidam da qualidade da vida, sobretudo, em relação à experiência de Deus, à fraternidade e à minoridade, como primeira forma de missão?
Sua vida é anúncio da Boa Nova? Muitas vezes, os meios não ofuscam a força que se esconde por trás da aparente fraqueza do Evangelho?
Como vocês se preparam para o anúncio explícito do Evangelho?
Súmula do II Capítulo Geral
Pe. Emílio Carlos Mancini

FONTE: PortalCOT

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